
“Let’s Rock” foram as últimas palavras de um assassino condenado no estado do Tennessee, logo antes de ser executado em uma cadeira elétrica. Os integrantes do “The Black Keys”, Dan Auerbach e Patrick Carney leram isso em um jornal e não conseguiram esquecer o absurdo daquele fato. Então, isso acabou virando o combustível artístico para o nono álbum da dupla, com a devida referência no título e na capa do disco. “Let’s Rock” é um disco de Blues Rock Garage bem dançante e delicioso de ouvir, praticamente uma volta a sonoridade de origem da banda, sem toda a grandiosidade do Blues Indie mais Pop que adotaram nos bem sucedidos “Brothers” (2010) e “El Camino” (2011).

Dá pra sacar que com este disco, o duo se coloca na linha de frente de serem uma espécie de mestres modernos do Rock and Roll clássico. Auerbach é tão bom em fazer batidas de guitarra crocantes e com sabor de Blues como qualquer outra pessoa, e Carney demonstra um discreto, porém fantástico domínio de sua bateria, e “Let’s Rock” prova isso. Grande parte do álbum é uma prova de como ZZ Top, Mountain e outros clássicos do Rock dos anos 70 soariam com uma pegada mais moderna e dançante. Não há uma faixa sequer em que a guitarra de Auerbach não brilhe, despejando riffs e solos excelentes, divertidos, e de muito bom gosto. Da faixa de abertura bem Hard Rock “Shine a Little Light”, aos Rock Boogies de “Tell Me Lies” e “Get Yourself Together” (Esta última uma espécie de irmã mais nova da clássica e divertida “Lonely Boy”) até músicas que misturam Creedence com o Pop de rádio dos anos 70 (“Sit Around And Miss You”) Auerbach e Carney fazem um disco que elegantemente traz para uma sonoridade atual a era de ouro de Rock.
Outros destaques ficam para “Go”, um daqueles Rocks sacolejantes em que é impossível não se contagiar com seu excelente refrão, é praticamente um convite a dança. “Eagle Birds” é uma das minhas preferidas do disco, com uma melodia deliciosa e grudenta, e Auerbach mais uma vez dando aula em sua guitarra, com um riff extremamente cativante e solos matadores. O disco finaliza com “Fire Walk With Me”, com a pegada Rocker dancer que o duo está sabendo fazer de forma excelente como ninguém na atualidade.

“Let’s Rock” é uma prova viva de como uma banda consegue absorver diversas influências, do Rock dançante dos anos 50, ao peso do Rock clássico dos anos 70, e adicionando elementos do Pop, fazendo com que tudo isso se misture de forma moderna e espetacular no final, um disco de Rock delicioso e super agradável de se ouvir, simples, mas ao mesmo tempo criativo e original, com a dupla Auerbach e Carney dando um verdadeiro show em seus respectivos instrumentos em cima de composições super cativantes.