40 anos de “Rust Never Sleeps”

O ano de 1979 foi recheado de grandes discos ao vivo. Um dos mais icônicos, com certeza, é “Rust Never Sleeps”, de Neil Young.

Um disco ao vivo é composto por grandes sucessos já lançados em sua carreira, certo? Bem, não para Young. Aqui, temos um show com músicas inéditas à época (que se tornariam clássicos, posteriormente), que mostram sua inquietação criativa.

O disco é metade acústico e metade elétrico (com o acompanhamento da tradicional banda de apoio de Young, Crazy Horse). A parte acústica se inicia de modo fantástico, com a emblemática “My My, Hey Hey (Out of the Blue)”, o desabafo de um artista questionando sua própria relevância (tema recorrente no álbum). Aqui, a gaita, estridente e lírica, dá toda a atmosfera da canção.

Então vem “Thrasher”, um dos mais belos momentos em toda a carreira de Young, uma balada com o toque da música country, sempre presente em seu DNA artístico.

A melancolia continua presente nas belíssimas “Pocahontas” e, especialmente, “Sail Away”, com uma interação vocal entre Young e Nicolette Larson, num dos momentos mais singelos e emocionantes do disco, fechando seu “lado acústico”.

O lado B se inicia com o som único da Crazy Horse, em “Powderfinger” com camadas e mais camadas de guitarras circulando entre os falantes. É uma mistura do tradicional “storytelling” do Folk com o poder sonoro do Rock ‘n’ Roll.

O álbum entra numa crescente, e “Welfare Mothers”, com o tradicional peso nos riffs de guitarra, e uma maior agressividade, simboliza essa guinada.

“Sedan Delivery” mostra que o movimento punk (em alta naquele momento) teve grande influência em Young, com riffs à la Ramones, intercalados por passagens calmas, e ao mesmo tempo distorcidas, na implácavel “parede de som” da Crazy Horse.

O encerramento “Hey Hey, My My (Into the Black)”, é uma versão mais agressiva e poderosa da primeira canção, “My My, Hey Hey (Out of the Blue)”. Aqui, Young aplica uma distorção absurda em sua guitarra, cantando versos inspirados, novamente, na ascensão movimento punk. Com certeza um dos momentos mais fortes do show, finalizando o que pode ser chamado de “Disco ao Vivo Conceitual”.

“Rust Never Sleeps” é um dos discos mais importantes da carreira de Young. Nele, são reveladas suas angústias, exprimidas magistralmente em canções. Aqui, ele não aceita “se enferrujar” (como o nome do álbum e seu tema, no geral, dizem), se reinventando e desafiando sua própria criatividade. Afinal, esse é Neil Young!

Autor: Caio Braguin

16 anos, baterista, aficionado por música (e todas as formas de arte) desde o berço. Música é minha vida!

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